quinta-feira, janeiro 31, 2008

bach

grito em ré menor de violinos

balanço lacerado de harmonia

morde fera a chuva a terra -- penso
aliviado silvar da pedra quente -- sorrio
o corpo, afinal, na linha aos olhos esculpida, baloiçado no vento pela montanha assobiado frio -- a verdade, até quando prenunciada?


durius
altos os montes
pedras a mando

escrita para o há-de vir...

Eu acho estranho que homens que estão sós escrevam para os que hão-de viver ____ e que esteja compreendida nessa solidão, a nostalgia desse desencontro.

MG, LLansol, Contos do Mal Errante, Assírio & Alvim, 2004

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Prémio Vergílio Ferreira

Mário Cláudio, no dia 26 de Maio de 2007, em cordial tertúlia, na minha casa.

O Prémio Vergílio Ferreira instituído pela Univ. de Évora para homenagear anualmente o escritor e ensaísta de Língua Portuguesa, foi atribuído em 2008 a Mário Cláudio.
Justíssima homenagem a um dos maiores nomes da nossa literatura contemporânea.
Aqui deixamos os nossos muito sentidos parabéns pessoais.
Mário Cláudio nasceu no Porto. Ficcionista, poeta, dramaturgo, ensaista, jornalista, professor universitário, entre muitos prémios recebidos, conta o de ficção do PEN Clube Português, o Grande Prémio de Romance e Novela da APE e o Prémio Pessoa 2004.

Desde a criação do Prémio Vergílio Ferreira, foram os seguintes os galardoados:
1997 - Maria Velho da Costa (Portugal, 1938)
1998 - Maria Judite de Carvalho (Portugal, 1921-1998) (entregue a título póstumo)
1999 - Mia Couto (Moçambique, 1955)
2000 - Almeida Faria (Portugal, 1943)
2001 - Eduardo Lourenço (Portugal, 1923)
2002 - Óscar Lopes (Portugal, 1917)
2003 - Vítor Aguiar e Silva
2004 - Agustina Bessa-Luís (Portugal, 1922)
2005 - Manuel Gusmão
2006 - Fernando Guimarães
2007 - Vasco Graça Moura
2008 - Mário Cláudio

domingo, janeiro 27, 2008

um dia em Barrelas...


Para esmaecer agruras que nos vão tomando, um domingo passado na terra do Malhadinhas.
Almoço a preceito, a entrar por fritada de enchidos, seguida de assado de cabrito montês, com arroz de carqueija, castanhas ademais esparregado, mimosa doçaria, meio litro de água fresca da fonte e... papo cheio de bonança, numa velha preguiceira, ao sol da tarde, ruminação com um livro e cães à volta.
Bons os ares, apaziguadora a receita, não é?
Pelo menos, o mundo parece melhor, por instantes...

(foto tirada pelo Renato)



o direito à indignação

Ontem, no decurso de uma visita a Évora, o senhor primeiro-ministro, ao ver-se confrontado com apupos e vaias por parte de uma manifestação de PORTUGUESES, comentou, infeliz, crispado e chocarreiro:
"Há três anos que sou 1º ministro, já me habituei a manifestações destas que fazem parte da festa da Democracia."
1. A infelicidade que o assola, manifesta-se nos infelizes comentários deste e doutro teor;
2. A Democracia, senhor 1º ministro, nunca foi uma festa, mas sim um direito inalienável pelo qual muitos portugueses lutaram. Vª exª não estará incluído, pois antes do 25 de Abril seria um miúdo. E se fosse uma festa, nunca o seria com o seu governo que tantos direitos dos portugueses trabalhadores tem posto em causa de forma irreversível. A Democracia seria uma festa se não houvesse perto de meio milhão de desempregados em Portugal, se todos os dias os portugueses não fossem confrontados com atentados aos seus mais elementares direitos, como o da estabilidade profissional, do direito à reforma justa, à saúde, à justiça, etc.
3. Vª Exª crispa-se na sua arrogância, quando ouve legítimos apupos. E rejubila quando escuta frenéticos aplausos. Pena é que estes últimos só sucedam nos comícios do seu partido e por parte dos comissários e lugar-tenentes da claque. Seria bom que se questionasse das causas que não dos efeitos e sobre eles seriamente reflectisse. Com alguma humildade que nunca foi engulho de ninguém.
4. E no mesmo dia, passeando-se de barco pelo Alqueva, deslumbrado, convida todos os portugueses a irem conhecer e fazer turismo local... Poupe-nos ao despautério desrazoado da politiquice rasteira. Os portugueses, na sua esmagadora maioria, andam preocupados com o custo da vida, com a carga fiscal, com a chegada do fim do mês de bolso vazio, com a precariedade de emprego, com a impositiva mobilidade dos postos de trabalho, com os idosos e jovens do interior que morrem diariamente por falta de assistência médica, com a megalomania das suas políticas, com a sua obsessão do déficit, com a desumanização das políticas...
5. Por isso, eu que votei em si, num acto de absoluta cegueira, percebo a infelicidade que transparece dos seus ditos... e os portugueses, em geral, começam também a perceber!

obviamente, demita-se!

SENHORA MINISTRA DA EDUCAÇÃO:

QUEM SÃO OS "PROFESSORZCOS"?
QUEM SÃO OS "PROFESSORZCOS"?
QUEM SÃO OS "PROFESSORZCOS"?

Talvez aqueles que deixaram a sua carreira docente ao aceno de um lugar de ministro?
Talvez aqueles que deixaram a sua carreira docente ao aceno de um lugar de secrº de estado?
Talvez aqueles que deixaram a sua carreira docente ao aceno de um lugar de director geral?
Talvez aqueles que deixaram a sua carreira docente ao aceno de um lugar de deputado?
Talvez aqueles que deixaram a sua carreira docente ao aceno de um lugar de comissário político?

Não, decerto aqueles que pugnam, com espírito de missão, quotidianamente no seu magistério sério, competente, resoluto, digno, pela melhoria da Educação em Portugal!

O pejo, senhora ministra, é um belo adereço e espelho de boa formação, de boa educação e...
de algum pudor!

Por isso, os portugueses quando inquiridos sobre :

"Em qual deste tipo de pessoa confia?",

puseram no topo da tabela os professores, com 42%.

E quem ficou na base?

Os políticos, com 7%... *

* dados colhidos da pág. 11 do Público, de 26 de Janeiro 2008

AS REFORMAS NA SAÚDE MATAM QUE SE FARTAM
AS REFORMAS NA SAÚDE MATAM QUE SE FARTAM
AS REFORMAS NA SAÚDE MATAM QUE SE FARTAM
AS REFORMAS NA SAÚDE MATAM QUE SE FARTAM
AS REFORMAS NA SAÚDE MATAM QUE SE FARTAM
AS REFORMAS NA SAÚDE MATAM QUE SE FARTAM



há pouco, na Sic, o ministro da tutela jurava a pés juntos que o SNS é excelente.
em simultâneo, na Tvi noticiavam a morte de uma mulher de 31 anos, em Setúbal, cujos familiares telefonaram para o 112 às 06:10 e na ausência de resposta eficiente, vieram os BV às 09...;
no hospital de Vila Real falece um idoso desnudo, numa maca, onde esteve das 02 às 08 aguardando transporte para casa, num corredor da urgência, com alta na véspera...
Quantos portugueses precisam de morrer para reduzir o défice, Mister PM?
falamos do medo
com o temor nos lábios
o hálito gela na boca
a terra ergueu-se à vista
protegido o horizonte
toda a luz então tomou

o frio
ausente do corpo o sono
azul a dor à derme chega
tenho um véu para oferendar
e tanto rosto a velar...
mortalha do mal sentir?

sábado, janeiro 26, 2008

sexta-feira, janeiro 25, 2008

M. G. Llansol, Contos do Mal Errante, Assírio & Alvim, 2004 *


Com uma força que não finda levantou os braços, e magoou os punhos de encontro ao espaço da parede, que tomara por absoluto. Deu-lhe o nome que ele tinha -- Hadewijch, a homicida --, e pressentiu que as letras que anunciavam o vazio se preparavam para morrer verdadeiramente; a forma por que uma letra morre é dissociando-se de uma palavra, que já não se lê, nem imagina; uma vez dividida, apaga-se;
mas Isabôl viu então um ponto que era o sinal de que o seu guardador velava por ela,
e saindo pela porta prosseguiu a reconstituição das letras de poente através de Münster.



* com posfácio de Manuel Gusmão e imagens de Ilda David.

Fernando Echevarría

LEVANTA-SE DE HAVER O MAR, IMENSA
concavidade só da solidão.
Mais nada entre eles. A não ser a ausência
implícita do brilho que constrói
vultos que ilustram a passagem lenta
a entrarem por um brilho ainda maior.
Esse que apaga o nimbo de tristeza
que envolve quanto passa sob o sol.
Haver o mar levanta-se. Acrescenta
ver. Para que ver seja só ver, e só.
Variações sinfónicas, 3. in Uso de Penumbra (1995)



quinta-feira, janeiro 24, 2008

Valeroso Milagre

Mão cuidosa nos fez hoje chegar o conto de Aquilino Ribeiro, Valeroso Milagre, publicado no suplemento literário do ABC, nº 68, de Outº de 1921.
Conta a chegado dos franceses, comanditados pelo famigerado "Jinó", às Terras do Alto Paiva.
Com belíssima ilustração de Martins Barata e fina encadernação de Manuel Pereira (Rua D. Duarte, 85 - Viseu), vem colmatar a penúltima falha do nosso acervo aquiliniano.

K. - a Bretã


M. G. LLansol, chá, J. Le Carré, água tónica, M. Proust, um gelado de noz, J. Cardoso Pires, fotografias...
e a companhia inesperada da Kiki Bretã... que mais para um fim de tarde luminoso, num palácio dos pobres*?
* Segundo Agustina B-L., os centros comerciais hodiernos.




quarta-feira, janeiro 23, 2008


terça-feira, janeiro 22, 2008

escampado e nu teu corpo corre

crepúsculo

teu corpo de bruços quebrado
rompe a pele de convulsivo

desacato tão incrido...
(tarda o sal qu'o aquiete)

domingo, janeiro 20, 2008

epi fonia

desgrenhados
ao vento
só dados
cabelos
em fúria
fustigados

Ninfas das Terras Altas

E ela voltava a casa, as maçãs do rosto rubras de sangue, o vestido amarrotado e desfeito o cabelo, como uma ninfa que mãos sensuais de fauno, amarfanhassem.
Aquilino Ribeiro, Via Sinuosa.


O Perdão da Puberdade

Luís Miguel de Oliveira Perry Nava

inusitada resposta

Miguel, ou como quer que se chame:
não é de meu natural acto responder a desconhecidos/anónimos, mas a excepção confirma a regra e assim sendo, ao seu comentário de hoje num post de março do ano transacto, sobre o nº 19 da revista Relâmpago, da Fundação Luís Miguel Nava, à sua questão se será possível arranjar O Perdão da Puberdade, respondo-lhe que só se tiver a afortunada oportunidade de o desencantar, perdido, nalgum alfarrabista.
O Luís Miguel escreveu-o aos 16 anos e a sua publicação, datada de 1974, é de autor e foi feita em Coimbra, naturalmente tutelada pelo emérito Professor Doutor Aníbal Pinto de Castro.
Muito cedo, o Luís Miguel renegou esta criação primicial, retirando todos os exemplares de circulação, motivo pelo qual nem aparece na sua bibliografia. Esta renegação fez escola, pois recordo um dia, em Lisboa, na FLUL, em conversa com a poeta(isa), crítica e sapientíssima Professora Doutora Maria Alzira Seixo, que foi sua amiga e talvez protectora nos seus primeiros passos profissionais, enquanto assistente naquela faculdade, o ter referido e ter sido colhido com uma peremptória frieza do género, "essa obra não existe!".
Pessoalmente, conheço três exemplares, crendo que nenhum está à venda.
Deixo-lhe a "capa".
O meu endereço electrónico é pzarco@gmail.com.

sábado, janeiro 19, 2008

José Régio, in "Cântico Negro", Sarça Ardente,, ed. quasi

(...)
5.
Entrei profundas grutas tenebrosas
Onde os anos e os séculos pararam.
Chão que nunca viu sol nem sonhou rosas,
Os meus lábios gretados o afloraram.
Colado o ouvido às pedras alterosas
E aos terríveis silêncios que pesaram,
Quis ir tentar sentir arfar teu peito,
Mãe Terra!, meu primeiro e último leito.
6.
Cerradas selvas onde eternamente
Cai noite, a noite cai da ramaria,
Quer nela esgarce a Lua o véu nitente
Quer filtre o Sol longínqua luz, e fria,
Tremi do vosso verde sangue ardente
Cachoando, como no primeiro dia,
Através de covis e labirintos
Palpitantes de seivas e de instintos...
(...)

o umbigo. ponto final.

NBR, ou
Nota Breve da Redacção:
Dada a crescente afluência de umbigos, chegados dos mais diversos pontos do continente e ilhas, solicita-se a todas as orgulhosas ostentadoras de tal "orgão" o favor de não enviarem mais, sob pena de transformar o brevitas em compêndio anatómico específico, ademais acrescido do risco de nos tornarmos blog X, censurado pelas seitas protestantes do mais imaculado e incontestado puritanismo.
Obrigado a todas.
Até à próxima iniciativa!
pn

3ª colaboração

De Ílhavo, talvez de origem viking pelo tom da carnação, de leitora pundonorosa, o umbigo tipo curioso, espreitando entre o anelar e o médio.

2ª colaboração


Da vila raiana do Sabugal, umbigo tipo Lola Flores. A leitora pede desculpa da baixa resolução da imagem, alegando ter sido captada a correr e com um telemóvel de 2ª geração.

o umbigo - 1ª colaboração

Fresquíssimo!
Recém-chegado de uma aldeia Transmontana, de leitora devidamente identificada que requer anonimato por motivos invocados de clara substância justificativa, um umbigo do tipo italiano, género Mónica Vitti.


para uma estética do desprezado ancoradoiro umbilical

petição off-line para a reabilitação do obnubilado umbigo, ponto de partida para as mais alargadas e estonteantes caminhadas de fruição pura da natureza, mais primário canal de todas as osmoses.
(uma amiga parisiense apodava-o, orgulhosamente de gare des chemins d'amour. será?)

NCR, ou
Notas Cridas Relevantes:
1) este não é o umbigo do pn;
2) aceitam-se fotografias de umbigos, devidamente identificados, para exposição.



o intertexto - proposta para uma reflexão

FÁBULA DA FÁBULA, Miguel Torga, 1958

Era uma vez
Uma fábula famosa,
Alimentícia
E moralizadora,
Que, em verso e prosa,
Toda a gente
Inteligente,
Prudente
E sabedora
Repetia
Aos filhos,
Aos netos
E aos bisnetos.
À base de uns insectos,
De que não vale a pena fixar o nome,
A fábula garantia
Que quem cantava
Morria
De fome.
E, realmente...
Simplesmente,
Enquanto a fábula contava,
Um demónio secreto segredava
Ao ouvido secreto
De cada criatura
Que quem não cantava
Morria de fartura.

Martin Niemöller

Quando os nazis vieram buscar os comunistas,
permaneci em silêncio; não era Comunista.
Quando prenderam os sociais democratas,
permaneci em silêncio; não era Social Democrata.
Quando vieram buscar os sindicalistas,
nada disse; não era Sindicalista.
Quando vieram buscar os judeus,
permaneci em silêncio; não era Judeu.
Quando vieram buscar-me, ninguém restava para falar.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

és-me veio firme?
sou...

quarta-feira, janeiro 16, 2008


terça-feira, janeiro 15, 2008

COM ESTE GOVERNO,
NÃO HÁ UM DIA QUE
NÃO SEJA DE LUTO !
a r r i s c a r s u j a r
a folha branca



assonância

andam feridos versos carregados
de chuva doída caída dum céu
a quem o infortúnio disse tecto
e onde em cada rima apenas chora
a cinza já nem cálida ou morna
do dia antes calúnias cálices
cales de oxidar a feles ocultos
e solutos pandas cordas mudas
de frouxo retinir mui fatigadas.

segunda-feira, janeiro 14, 2008


em cada linha quedo um sinal
na monda de um dia
mão cuidosa os colherá

domingo, janeiro 13, 2008

Vamos, niña

INACEDI DO VENTO AO JÚBILO
E AO SARILHO ENLEADO


fiz-me crivo de furor
fole de fel asedado
mal tomado retraído
no susto da pele retido
(da tensão a comedida)
-- justo afago --
compelido pelo corpo
a recebê-lo ou negá-lo
toado silvo ao ouvido
desconcertado sussurro
(sugado da erma derme)
em pirueta alado
no não sustido salto
desperto da pele ousados
na vertigem
-- falecidos...

Soledad, Piazzola.

AFEITO AO AFAGO O CORPO
atalaia a nós de dedos
afaz ao jeito póros
dessa dureza destra
lendo a textura do osso
como textos mal fruídos
após polpa de dedos
viscos de língua sumidos.

uma felicidade

(...) "depois dos 40, quando a cor começa a desaparecer do mundo, ou nos retiramos ou nos reinventamos. Os prazeres já não vêm ter connosco, mas podemos escolhê-los se conseguirmos aprender a procurá-los."
Hanif Kureishi, O Corpo, Teorema, 2002.
ps:
A. Gomes não me canso de ouvir o cd que fizeste o favor de me arranjar, LAMBARENA, e de pensar, deliciado, como o primitivo é matriz de toda a requintada e sofisticada composição e de como os ancestrais sons de Á frica se interpenetram e completam e complementam com violinos, violoncelos, coros barrocos et all ... e que até um fundo de floresta numa noite esquecida corrida a vento de tantan pode ser O som essencial dos primórdios, transformado em puríssima melodia, recitativo de aves e chamãs e rematado, d'un coup, por um correr intranquilo de piano desafiado por um batuque atrevido de toada hipnótica. Esta alternância, da natureza com o fasto de 18, ricocheteia inquietante no córtex...!

domingo de chuva com velho sentado

Lá fora, roto o céu, só por penitência...
Ultimamente, dei-me a comprar mantas e a aconchegar-me nelas.
A tarde de domingo, com algumas hipóteses de escolha, foi ganha por este seráfico estar, muito quentinho, confortável, a pôr a leitura em dia, a escrever qualquer coisa e a ouvir uma excelente música.
São servidas do chá das 18, torradinhas em pão de forma aparado com manteiga açoreana e variações de Mozart? *

*K265; 352; 353; 354; 398.


riscos de perdição

a cabeça de Gardel
arqui = comandar
arquitecto = o primeiro dos operários

Mereço um Prémio?!

A "Tufa" (vide link ao lado), atribuíu-me este Prémio. Agradeço, sensibilizado, não pela certeza do merecimento, mas pela sentida e profunda simbologia que a escrita em liberdade sempre teve para mim. Com mais palavras, de escrevente, que não de escritor, respondi-lhe no tufatau.


manhã
urbana
de tão deserta

noite

traço
dada
cor

sábado, janeiro 12, 2008

Tempo de Amor

TEU CORPO É FRÁGIL. É BREVE.
Condensas-te. Porque o mar,
assim peso pronto, leve
só o tempo de te amar.
(...)


Fernando Echevarría, Obra Inacabada - (Entre dois anjos, 1956), Ed. Afrontamento

quinta-feira, janeiro 10, 2008

na partida
há sempre salvação
( o desfecho é a ruína )

nyx

ser um crepúsculo
de fogo lambido
tombado na noite




coincidência


Os papeis velhos não deixam de nos surpreender. Meu avô paterno foi provido em suas funções públicas no Sátão (terra de Satã?), a 10 de Janeiro de 1934, faz exactamente 74 anos, depois de ter estagiado em Viseu, em 1930, com o eminente historiador Alexandre de Lucena e Valle, também ele homem de leis, além de director (fundador?) da consagrada revista Beira Alta.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

bicefalia - tríptico

indiquei-te a via
signifiquei-te o enigma

negaste a simples existência







conhecer-te
é um poder
mal (re) tido
fastosas as palavras
nos lábios (re) traídos
da desdita
gaia a recusa
triste o anuimento
irrepetível a palavra

terça-feira, janeiro 08, 2008

como ousar-te a alma
se já no corpo
sou canho?

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Pensamento da Semana


Embora o número de carneiros aumente dia a dia, nem por isso o preço da lã baixou.


Thomas Moore - Utopia

domingo, janeiro 06, 2008

sanguine effleurage





e o corpo ainda

constante

no manto

da mão

que pinta

dark day

do tempo erguida
fiel a fila
à ara ida

sábado, janeiro 05, 2008

provérbio árabe

só o frio subjuga a lama, para que ela não te suje o pé