sábado, novembro 20, 2010

FIAT CLÁSSICOS CLUBE DE PORTUGAL

A mais prestigiada publicação nacional de automóveis clássicos, a "Topos...", deste mês de Dezembro, traz um artigo da autoria do activo e eficiente Presidente do Fiat Clube Clássicos de Portugal, o amigo Jorge Carvalho, acerca do Encontro Nacional Fiat 124 Spider, que decorreu para os nossos lados e para o qual, muito (muito!) modestamente, dei uma mínima mão. O Jorge achou por bem referenciá-lo e agradecê-lo. Não era necessário, caro amigo, mas que caiu bem... é verdade! E uma verdade a lembrar que o reconhecimento é um estímulo para empreendimentos futuros. Contem comigo! (às tantas ainda tenho que comprar uma 'barchetta' ao maior aficionado Fiat de Viseu, o Paulo Abranches...!).




referve a angústia temperada a pranto no cansado canto em riste

persiste o sustenido das carpideiras nas choradeiras que o ar pesado
enfastiado para longe estrénuo afasta e arrasta no som que o dia envolve

revolve o peito cansado e chorado ocaso cai
vai chegar a noite e a foice ofende e sega
e nega ao frio alento um vento que acolha
e recolha o suspiro derradeiro não o primeiro

(mais ligeiro que a dor sorveu)
da refervida angústia de tão triste já cansada

domingo, novembro 14, 2010

Um Domingo


Penso que poderia ser mais triste. Não eu, que faço da tristeza uma gabardine cinzenta, comprida e atada na cintura. Mas o domingo, que se ilumina com um sol frio, depois de uma noite de insistente rufada chuva, de fundo a um vento amolador de facas, chispando assobios raivosos aos gumes esmerilados. Mas os pássaros – gosto de pássaros, espenujam-se à luz. O meu cedro recompõe-se e reergue-se quase erecto. Quis o fado dar à excessiva vitalidade pouca terra para espraiar raízes. O meu cedro nasceu e cresceu só com ar e pela teimosia de me saudar à porta. As ruas estão limpas de gente. No bosque, os esquilos têm seco o fulvo pelo e os tortulhos despontam da caruma. Penso que poderia ser mais triste, afogado em tanta água e ensarilhado por tal vento. Mas o sol é eficaz. E eu, gaio por sabê-lo, só de uma ténue escuridão careço para não me exaltar a escrever-te, sereno, a saudade feita boina negra basca, resguardada na cabeça, tolhidos pontos de fuga, e rente a ela assentar a memória com labor acumulada, como tijolos em barro burro afogueado, e ter a quase exacta certeza de que, para cá do muro, na sombra onde me retenho, há um reduto onde chega o piar das aves aconchegadas no meu cedro, o resfolhar aéreo dos esquilos voando sobre o húmus húmido, o ténue estalido dos tortulhos a romper o musgo, o lampejo do olhar que me cedeste e o teu cheiro a limão e chocolate guardado na camisa azul que teus cabelos amarrotaram e teus lábios desvincaram. Penso que poderia ser mais triste, se na tristeza estreitasse comprazimento ou fel e não suturasse a memória com a dádiva imerecida do tempo que não tivemos, não nos foi dado, nem foi merecido.

OMISSÃO FONÉTICA ou as anáforas de Dionísio


Quando o desejo de falar for despertado como as carnes avinhadas fazem à gula, engole as palavras e desce-as ao fundo poço do silêncio. Semicerra os olhos como a fresta da atalaia e dá aos ouvidos só os sons em deredor. E quando ela falar, mira como o ar foge das palavras e as abelhas nelas poisam. Lê-lhe na cor do olhar as palhetas aturdidas. E na fremência das narinas pressente os borralhos recadentes. Há no arco da sobrancelha pêlos negros, quentes, quase viris. E na orelha miúda de marmórea carnação furada, a férrea recusa de ouvir. Os dedos dos pés, morenos e húmidos não foram feitos para correr. Só para sorver, como morangos. Também as mãos, inquietas, ansiosas, revelam nas nervuras linfas cálidas. A anca, no mover solto de amazona, prova que nenhum dorso longo de poldro lazão lhe tolherá ímpetos. No sobrelábio, fita atento a pérola minúscula dada à derme e percebe a gota do ardor. Por fim, lê-lhe os lábios à entrada da boca. A nervosa tumidez entreaberta por onde espreita a língua longa, curva, rubra, quente como um dióspiro ao sol queimando. Não são distensos, num espasmo terso e breve, antes retraídos em sulcos de um escuro encarnado, como uma brasa sombreada pela cinza leve e estrénua. Percebe ainda, no rêgo das comissuras bem cavado, a fluência venérea que a polpa do teu indicador, sussurrante desperta, a colher tua língua, só à fala renegada. E percebe, enfim, o discurso, que em silêncio tão longo quanto a noite de Novembro, te foi dado proferir. Alonga-te até depois da meia-noite no exórdio; perora pela alvorada fora e só quando tomado da enxuta e exausta rouquidão te dês à confirmação de que as palavras engolidas são o tesouro da retórica, ouses selar teu segredo com o lacre sibilado, enfim gemido, de tua asedada boca a salvar o dia e a abençoar a dádiva desta prédica assim pregada, de tal púlpito.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Aquilino Ribeiro - Voltar a Ler 3

A Universidade de Aveiro, através do Departamento de Línguas e Culturas e do Professor António Manuel Ferreira, publicou a presente obra, que tem como coordenadores o atrás citado e Paulo Neto.
A ilustração é de Susana Vasconcelos.
Os pedidos podem ser feitos para o DLC, Universidade de Aveiro, Campus Universitário de Santiago 3810-193 Aveiro; fax: 234 370 940 / sec@dlc.ua.pt


domingo, novembro 07, 2010

Os meus bizarros bonecros...




Essa tão estranha e doce tristeza...

Tirei-te esta fotografia há um quarteirão de anos...

"Senhor, não me acoimeis hoje meus pecados, deixai... o castigo deles para outro dia."

(Cr.DMeneses, I, p.91)

sábado, novembro 06, 2010

VIA ESEN - nº 7


Está na "forja" o nº 7 do "Via Esen", Jornal da Escola Secundária de Emídio Navarro. Todos os elementos da comunidade escolar, Associação de Pais, Antigos Alunos (...) que queiram colaborar, devem enviar os seus artigos, em word, com imagens à parte, formato JPEG, até 25 de Novembro para pzarco@gmail.com. Obrigado.
Lembrem-se: um jornal é tanto mais democrático e abrangente, quanto maior for a pluralidade dos seus colaboradores e dos seus distintos pontos de vista.
Nota: A imagem apresenta um "estudo" da 1ª pág, que pode não ser definitivo. As cores já passaram por impressão, scanarização, etc...

quarta-feira, novembro 03, 2010

o meu bloco...


segunda-feira, novembro 01, 2010

O céu, hoje, espelhado no Paiva


Revista "aquilino" II

A Revista Literária da Câmara Municipal de Sernancelhe, "aquilino" II, direcção de Paulo Neto, pode ser encomendada à autarquia, Rua Dr. Oliveira Serrão, 3640-240 Sernancelhe, pelo tm 967250208, ou pelos mails rev.aquilino@hotmail.com / geral@cm-sernancelhe.pt .
Nas suas 340 páginas, colaboraram (por ordem de índice):
José Mário Cardoso; José Carlos Seabra Pereira; António Manuel Ferreira; Carina Infante do Carmo; Paulo Neto; Ana Margarida Ramos; Isabel Cristina Mateus; Sara Reis da Silva; Maria Eugénia Pereira; Isabel Cristina Rodrigues; Aquilino Ribeiro Machado; Paulo Alexandre Pereira; Lola Geraldes Xavier; José Maria Rodrigues Filho; Ana Isabel Queiroz; Maria José Quintela; Jaime Ricardo Gouveia; Miguel Alves; Alberto Correia; Carlos Silva Santiago.